Multi-instrumentista brasileiro, Egberto é um dos músicos brasileiros mais respeitados no mundo. Sua versatilidade e capacidade criativa o colocam ao lado dos grandes da música mundial. Pesquisou profundamente a música folclórica brasileira, inclusive a dos povos indígenas, e dedicou boa parte de sua obra à música instrumental. Entre tantos álbuns importantes, destacamos os que se seguem: Egberto Gismonti (1969), Água & Vinho (1972), Dança das Cabeças (1977), Carmo (1977), Circense (1980), Egberto Gismonti & Hermeto Paschoal (1983), Trem Caipira (1985) e Dança dos Escravos (1989).
O jazz é uma das criações artísticas mais importantes na música do mundo, tendo influenciado a música erudita, a música instrumental e a canção popular. É reconhecido por todos a importância de músicos como Miles Davis, Thelonius Monk, Art Blakey, John Coltrane, Duke Ellington, Sarah Vaughan, Billie Holiday, Ella Fitzgerald, Chat Baker, Charlie Parker, Nina Simone entre tantos outros, isso para ficar apenas nos mais conhecidos e já reconhecidamente clássicos. Além disso, trata-se de uma forma artística envolvida diretamente com questões sociais, políticas e históricas profundas, como, por exemplo, a condição racial nos Estados Unidos, especialmente a problemática associada às lutas, resistências em resposta à violência da segregação de negros e negras. O Jazz, em muitos aspectos, foi um importante mecanismo de criação e de resistência dos negros norte-americanos até a segunda metade do século XX. Neste sentido, a dimensão estético-formal se encontra com a dimensão política e social.
Louis Armstrong
Louis Daniel Armstrong (1901/1971). Um dos nomes mais significativos do jazz clássico. Tanto como instrumentista (trompetista, cornetista, saxofonista) quanto como cantor, cuja imagem se popularizou pelo mundo. Pioneiro das jazz bands e big bands fez parte da célebre King Oliver’s Creole Jazz Band, em 1922, com o puro jazz de New Orleans. Algumas das suas performances tornaram clássicos temas como “What a Wonderful World”, “La Vie Em Rose”, “Moon River”, “A Kiss to Build a Dream On”, “Saint Louis Blues”, entre outros.
Bill Evans
Referência central no piano do jazz pós-50 e um dos principais músicos de jazz de toda a história. Entre as suas principais obras, se destacam os álbuns Portrait in Jazz (1960 Album), Waltz for Debby (1962) e Conversations with Mysel (1963)
Dizzy Gillespie
Assim como Louis Armstrong, uma das figuras mais conhecidas do jazz, tornada popular pela forma como tocava o seu trompete. Além de trompetista, foi cantor e compositor, artista chave para o bebop, uma das variações mais importantes do jazz. Fez, com Charlie Parker, um dos álbuns clássicos do bebop, Bird and Diz (1952) Have Trumpet, Will Excite! (1959) e Dizzy For President (1963)
John Coltrane
Certamente, um dos músicos mais exuberantes e versáteis do jazz mundial. Seu principal instrumento foi o sax tenor, suas construções musicais passavam pelo bebop, pelo fre jazz e pela música erudita mais experimental. Entre as suas principais obras, podemos destacar aqui A love supreme (1965), My Favorite Things (1961), Stardust (1963)
Miles Davis
Dos nomes mais conhecidos do jazz mundial. Transitou entre o bebop, o free jazz, o jazz-fusion, gerando obras que vão do radicalismo experimental ao cool jazz, uma forma mais condensada e mais próxima da canção. Entre as suas obras principais, cabe mencionar aqui: Bitches Brew (1970), Round About Midnight (1956) e Kind Of Blue (1959)
Thelonious Monk
Assim como John Coltrane, com quem fez um álbum significativo, Thelonious Monk foi um dos músicos mais inventivos do jazz, transitando entre bebop e free jazz, com o seu piano, a força das suas composições e atuações ao vivo. Álbuns como Solo Monk (1966), Monk’s Music (1957) e Monk’s Dream (1963) (…) podem ser considerados como um marco para o jazz mundial
Art Blakey
Certamente o grande baterista do bebop, Art Blakey, ao lado de Kenny Clarke e Max Roach, fez do seu estilo na bateria uma referência aos músicos mais inventivos não só do jazz, mas de vários outros gêneros musicais, como podemos ver em Blue Note 4003 (1959); BLUE NIGHT (1989) e Free For All (1964), entre outros.
Charles Mingus
Charles Mingus, contrabaixista, compositor e também pianista foi mais uma das figuras chaves do free jazz, em suas variações com o bebop. Além de músico exímio, com excelência reconhecida, foi também ativista importante em relação à injustiça racial. Entre os seus principais álbuns, cabe mencionar os seguintes: Mingus Ah Um (1959), Blues & Roots (1960) e The Black Saint and the Sinner Lady (1963)
Billie Holiday
Mais conhecida pelo nome artístico de Billie Holiday, certamente uma das vozes mais fortes e importantes do jazz mundial, ao lado de Ella Fitzgerald e Sarah Vaughan. Interpretou os principais compositores de jazz, entre tantos, como Cole Porter, Irving Berlim, George Gershwin, e sua voz é uma das maiores referências do canto não só para o jazz, mas para toda a música e canção popular feita no mundo. Para entender isso, basta ouvir All or Nothing at All (1958), Lady In Satin (1958) e Billie Holiday at JATP (1954), entra tantos outros álbuns e tantas outras gravações
Ella Fitzgerald
Ella Fitzgerald era das cantoras mais impressionantes do jazz, tanto pela beleza da sua voz, a dicção, a tonalidade, mas especialmente por tê-la transformado em instrumento, semelhante a um instrumento de sopro. Gravou com os maiores músicos do jazz mundial e também fez um importante álbum com canções de Tom Jobim, o celebrado “Ella canta Tom”. Entre as suas principais obras, constam álbuns como: Ella Fitzgerald and Louis Armstrong – Ella and Louis (1956) , Like Someone In Love (1957), Ella Fitzgerald Sings Cole Porter (1956)
Sarah Vaughan
Sarah Vaughan era dona de uma técnica vocal extremamente sofisticada. Combinava um timbre e um vibrato ricos com um ouvido excepcional para a estrutura harmônica das canções, o que lhe permite mudar ou modular a melodia como um instrumentista faz com seu instrumento. Foi, por isso, responsável por transportar para o canto as inovações técnicas desenvolvidas pelos músicos do bebop em seus instrumentos. Deste modo, se tornaria a voz favorita de músicos como Dizzy Gillespie e a mais representativa vocalista de jazz da década de 1940. As canções Myst, Tenderly e The man I love marcaram sua carreira. Entre seus inúmeros álbuns gravados, podemos destacar: The Divine Sarah Sings, Swingin’ Easy e Sarah Vaughan Sings George Gershwin.
Dave Brubeck
Com enorme talento em contraponto e harminia, o pianista Dave Brubeck é responsável por uma das interpretações mais emblemáticas da história do jazz: Take Five, composta por Paul Desmond, fez do álbum Time Out um campeão de vendas no ano de 1959. Para mergulhar em sua obra, alguns discos essenciais: Jazz Goes To College (1954), Bernstein Plays Brubeck Plays Bernstein (1961) E Jazz Impressions Of Japan (1964), além do já citado Time Out.
Chet Baker
Um dos maiores trompetistas do jazz, Chet Baker foi um dos maiores representantes do Cool Jazz. Tocou com Stan Getz, Charlie Paraker e Gary Mulligan. Valorizava frases melódicas com notas longas e encorpadas e improvisava com sentimento. Seu estilo de canto, com a voz quase sussurrada, pode ter sofrido influência da bossa nova. Entre seus discos, podemos destacar: Chet Baker & Art Pepper: Playboys (1956), Live in Tokyo (1987), The Italian Sessions (1996) e Sings (1998).
Cole Porter
Com uma obra vastíssima, Cole Porter é o compositor que faz a ligação do jazz com a canção. Compôs inúmeros sucessos para a Brodway e suas letra sofisticadas e sua capacidade criativa chamaram a atenção da critica e dos intelectuais de sua geração. O reconhecimento do público chegou tardiamente. Mas, sem dúvida alguma, Cole Porter é um dos maiores compositores americanos do século XX. Seus discos mais importantes são Kiss Me, Kate (1948), Fifty Million Frenchmen e A Swell Party (1991).
George Gershwin
A música francesa tem grande influência na formação de George Gershwin. De certa forma, a música russa também. As duas referências somadas ao natural talento rítmico e melódico fizeram dele um dos maiores nomes da música popular americana. O jazz pulsava em suas composições, mesmo em suas obras eruditas. Junto com seu irmão, o letrista Ira Gershwin, George foi responsável por uma das peças mais emblemáticas da história do jazz: a ópera negra ‘Porgy and Bess”. Entre trilhas para a Broadway e peças de concerto, se destacam na obra do compositor: Summertime, Rhapsody in Blue, An American in Paris e Lady be Good.
Herbie Hancock
Herbie Hancock começou sua carreira no lendário quinteto de Miles Davis e logo se lançaria me carreira solo para entrar para a história da música como um dos maiores pianistas do jazz. Tocou com todos os grandes de sua geração e passeou por estilos variados como fusion, funk e música clássica. Para conhecer um pouco do talento e versatilidade do pianista, os álbuns que se seguem são importantes: Head Hunters (1973), Empyrean Isles (1964), Maiden Voyage (1965) e Speak Like a Child (1968).
Ornette Coleman
Ornette Coleman escreveu boa parte da história do jazz com seu sax alto. Pode ser considerado um dos pais do Free Jazz e influenciou todas as gerações seguintes com seu jeito de tocar e suas composições. Seu disco mais emblemático é justamente o ‘Free Jazz’, que gravou com dois quartetos tocando simultaneamente em cada um dos canais de áudio. Para conhecer sua obra: Free Jazz: A Collective Improvisation (1961), Dancing in Your Head (1977), At the Golden Circle Stockholm Vol. 1 e 2 (1965) e Something Else!!!! (1958).
Irving Berlin
O compositor autodidata Irving Berlin nasceu na Sibéria, então Império Russo. Cresceu nos Estados Unidos e logo se tornaria um dos grandes nomes da música americana no século XX. Ao contrário da maioria de seus pares, Irving escrevia letra e música. Compôs 17 trilhas para filmes e 21 para a Brodway. Para um mergulho raso na obra do artista: Alexander’s Ragtime Band, God Bless America, White Christmas, Anything You Can Do, There’s No Business Like Show Business.
Nina Simone
Compositora, pianista e cantora, Nina Simone encarnou como ninguém a figura da artista negra e ativista política. Estudou piano clássico no conservatório e foi uma das primeiras mulheres negras a ingressar no Julliard Scholl em Nova Iorque. Seu timbre peculiar e sua formação erudita faziam de suas apresentações ao piano eventos imperdíveis. Sua canção Mississippi Goddamn tornou-se um hino ativista da causa negra, pois trata do assassinato de quatro crianças negras em uma igreja de Birmingham em 1963. Os destaques em sua discografia são: Little Girl Blue (1958), I Put a Spell on You (1965), Pastel Blues (1965) e High Priestess of Soul (1967).
Charles Parker Jr.
Charles Parkes é considerado por muitos como o melhor saxofonista de todos os tempos. Bird, apelido carinhoso que carregou durante toda sua vida, foi um dos fundadores do bebop. Com absoluto domínio técnico de seu instrumento, Parker era um virtuose, que conseguia combinar a mais complexa organização harmônica, rítmica e melódica com uma clareza muito rara de encontrar em instrumentistas anteriores ou posteriores à sua atuação. Para conhecer um pouco mais, escute: Bird: The Savoy Recordings Mastertakes (1945) e On Dial: The Complete Sessions (1946/47).
Luiz Eça
Compositor e pianista, Luiz Eça esteve presente no primeiro momento da Bossa Nova. Junto com Bebeto Castilho e Hélcio Milito formou um dos mais importantes grupos de música instrumental do Brasil, o Tamba Trio. Com o grupo, foi dos primeiros a se apresentar regularmente no famoso Beco das Garrafas. Tocou com inúmeros artistas brasileiros, gravou com Biil Evans e fez arranjos para discos fundamentais como Barquinho, de Maysa, e Depois do Carnaval, de Carlos Lyra. Seu disco mais relevante é o grande Luiz Eça e Cordas, lançado em 1964. Outros discos indicados são: Cinco na Bossa – Tamba Trio, Nara Leão e Edu Lobo (1965) e Luiz Eça e La Familia Sagrada (1970)
Hermeto Pascoal
Um dos maiores nomes da música brasileira, o multi-instrumentista alagoano despertou cedo para a música – construía seus próprios instrumentos com talo de mamona e ferragens de seu avô até se encantar com a sanfona de 8 baixos de seu pai. Não parou nunca mais. Formou, com Heraldo do Monte, Théo de Barros e Airto Moreira, o grupo Quarteto Novo, que inovou a música instrumental brasileira por sua riqueza harmônica e sonoridade refinada. Gravou com Miles Davis e tocou com inúmeros músicos, entre eles Chick Corea, John McLaughlin, Stan Getz, Elis Regina, Flora Purim, entre outros. Formou um sólido grupo no Brasil que o acompanhou por décadas. Dentre seus discos mais relevantes, estão: Quarteto Novo (1967), A Música Livre de Hermeto Pascoal (1973), Slaves Mass (1976), Hermeto Pascoal & grupo (1982) e Festa dos Deuses (1992).
Johnny Alf
Johnny Alf, pianista e compositor, iniciou aos nove anos de idade seus estudos de piano influenciado pelas canções de Gershwin e Cole Porter. Ainda rapaz começou a tocar profissionalmente e formou seu primeiro conjunto. Seu estilo ao piano e sua inventividade harmônica o colocam como o grande precursor da Bossa Nova. A música Rapaz de Bem, de sua autoria, já aponta o que seria o movimento que conquistaria o Brasil e o Mundo anos depois. Para conhecer melhor sua obra: Johnny Alf (1952), Rapaz de Bem (1961) e Johnny Alf e Sexteto Contraponto (1968).
Zimbo Trio
Zimbo Trio é um trio instrumental brasileiro surgido no ano de 1964. Foi formado originariamente por Amilton Godoy ao piano, Luís Chaves no contrabaixo e Rubinho Barsotti na bateria. Foi o grupo responsável por acompanhar Elis Regina e Jair Rodrigues no programa de televisão O Fino da Bossa. O grupo acompanhou também Elizeth Cardoso em seu antológico show de despedida no Teatro João Caetano ao lado de Jacob do Bandolim e do conjunto Época de Ouro. Para conhecer um pouco mais: O fino do Fino-Elis Regina e Zimbo Trio (1965), É de manhã. Elizeth Cardoso e Zimbo Trio (1968), É de manhã. Elizeth Cardoso e Zimbo Trio (1970), além dos discos dos shows de despedida de Elizeth Cardoso no Teatro João Caetano.
Moacir Santos
Foi um arranjador, compositor, maestro e multi-instrumentista brasileiro. Um dos maiores talentos brasileiros na música. Virtuose em praticamente todos os instrumentos que tocava – saxofone, clarinete, banjo, trompete, bateria, entre outros. Dono de uma sensibilidade ímpar, foi parceiro de Vinícius de Moraes e professor de inúmeros artistas brasileiros. Gravou discos memoráveis, entre eles: Coisas (1965), Maestro (1970), Coisas (1975) e Opus 3, No. 1 (1978).
Bateria
A bateria sofreu uma transformação radical nos anos 40, pelas mãos de Sidney Catlett, Kenny Clarke e Max Roach. De um papel secundário, com uma função de simples marcadora de tempos, como acontecia no jazz tradicional e (com raras exceções) no swing, a bateria passou a dialogar com os outros instrumentos. O fraseado também se alterou, passando a incorporar batidas no contratempo e figuras rítmicas irregulares inseridas dentro do ritmo básico. A partir do hard bop, com Max Roach e Art Blakey, a bateria se tornou solista e mesmo líder de conjuntos. Encontramos grandes bateristas da atualidade desempenhando esse papel, como o saudoso Tony Williams, Billy Cobham e Jack DeJohnette.
Contrabaixo
O contrabaixista é considerado, pela maior parte do público, ainda que inconscientemente, como sendo “aquele sujeito lá no fundo do palco”. Simpático. Porém secundário. Muitos contrabaixistas já se queixaram dessa ideia pré-concebida. E, de fato, essa imagem está bastante longe da realidade no jazz moderno.
O ContraBaixo tocado dedilhado como está na criação do Jazz; Onde o contrabaixista em vez de simplesmente tocar as notas fundamentais dos acordes nos momentos exatos, descreve um fraseado contínuo, caprichoso, com subidas, descidas e saltos, sempre orbitando os centros tonais da música. Essa pulsação às vezes lembra o caminhar relaxado de uma pessoa, daí o termo walking bass. Para executar essa função, o contrabaixo dedilhado é infinitamente mais adequado do que o contrabaixo tocado com arco. Na verdade, o contrabaixo tem um papel importantíssimo no estabelecimento do swing da música, tanto quanto a bateria. Ele contribui para a maleabilidade, a elasticidade rítmica que caracteriza o swing.
Guitarra
As seis cordas – celebradas por inúmeros escritores, poetas e pintores do Ocidente; herdeiras de uma grande tradição européia que remonta aos alaúdes da Renascença e às “guitarras” do Barroco; e, mais recentemente, companheiras de incontáveis bluesmen famosos ou anônimos da América do Norte – não poderiam faltar no jazz. A importância do violão e/ou da guitarra no jazz explica-se, em parte, porque esse instrumento está situado numa posição peculiar dentro do espectro sonoro: trata-se de um intermediário entre os instrumentos puramente melódicos – como os sopros e os metais – e os instrumentos harmônicos – como, por exemplo, o piano – os quais, embora possam solar, geralmente são usados para fornecer a base para os solos. Essa posição intermediária permite à guitarra transitar entre solo e acompanhamento com naturalidade.
A estrutura da guitarra varia muito no Jazz. Ela pode ter o corpo maciço, como na célebre Fender Stratocaster e suas descendentes (algumas de design bastante bizarro), onde o sinal elétrico é gerado diretamente pelo movimento da corda metálica dentro do campo magnético dos captadores. Ou pode ter o corpo oco, como na igualmente célebre Gibson ES-5 e suas derivadas, acrescentando às vibrações diretas da corda também um complexo padrão de realimentação acústica e vibração por simpatia, que altera os modos de vibração recebidos pelo captador, e portanto o timbre resultante. Em geral, as guitarras semi-acústicas são deixadas sem distorção, com o timbre mais puro, e são preferidas pelos guitarristas de jazz mais tradicionais, enquanto que as maciças têm a preferência dos guitarristas de fusion, que lhes conectam uma variedade de distorcedores, efeitos e pedais.
Piano
Na música clássica, o piano é um instrumento quase onipresente – para satisfação de uns e irritação de outros. E no jazz não é diferente. Isso se dá mais ou menos pela mesma razão que na música clássica: o piano (como os instrumentos de teclado de modo geral) é o instrumento que possui a maior capacidade de tocar múltiplas linhas simultaneamente. Essa onipresença do piano se dá a despeito de o trompete e o sax estarem, no inconsciente coletivo, talvez mais fortemente associados ao jazz do que o piano. O piano sempre se beneficiou de um fluxo constante de novos talentos, em todos os períodos do jazz, desde o autoproclamado “inventor” do jazz, Jelly Roll Morton, até os vanguardistas radicais como Cecil Taylor e os versáteis virtuoses modernos como Chick Corea.
Sax Alto
A história do sax alto como instrumento de destaque dentro do jazz começa com alguns músicos que tocaram nas orquestras de swing a partir dos anos 30: Johnny Hodges (da orquestra de Duke Ellington), Benny Carter (ele mesmo também bandleader) e Willie Smith. Nos anos 40 a história do sax alto (e talvez até mesmo do próprio jazz) se precipita sobre Charlie Parker. A sua sonoridade agressiva, seu fraseado imprevisível, sua capacidade inesgotável de improvisação, o lugar que ocupa dentro da estética do jazz como pai do bebop, até mesmo a sua biografia trágica, tudo isso o transforma numa figura de dimensões míticas. É difícil contabilizar o imenso número de saxaltistas e mesmo saxtenoristas que foram influenciados por Bird – isso não apenas nos anos 40, mas também décadas depois.
Sax Tenor
Há quem diga que o jazz moderno está “saxtenorizado”. De fato, os instrumentistas que mais gravaram nas duas últimas décadas provavelmente são os saxtenoristas, ocupando o lugar que já foi dos trompetistas. Essa proeminência se deve, em grande parte, à atração que o jazz fusion tem pelo tenor da família de instrumentos inventados pelo belga Adolphe Sax. Um conjunto típico de jazz fusion na atualidade se compõe de sax tenor (ou soprano) + teclados (em geral eletrônicos) + guitarra + contrabaixo elétrico + bateria (e percussão). No entanto, o sax tenor tem uma rica história que antecede em muito os modismos recentes, e que remonta a mestres como Coleman Hawkins e Lester Young. O sax tenor não esteve sempre associado, como ocorreu até recentemente, a um som “nervoso” e áspero, a la Gato Barbieri. Ao contrário, no swing e no cool, a “voz” que os solistas davam ao instrumento era geralmente redonda, suave, bem colocada. Outros tempos. Felizmente, mesmo durante a fase dos “angry tenors” (os “tenores zangados”), continuaram existindo alguns mestres que primavam pela qualidade do som, como Sonny Rollins, e hoje em dia voltamos a ter saxtenoristas de som extraordinariamente limpo e nítido, como o jovem Joshua Redman.
Trompete
Embora o trompete tenha, em certo sentido, perdido, durante os anos 80 e 90, a primazia histórica de que sempre desfrutou ao longo de décadas entre os instrumentos mais aclamados do jazz, ele tem experimentado um renascimento recente. Se o domínio do sax tenor esteve associado à popularização do jazz fusion, o renascimento do trompete tem a ver com a retomada das raízes e formas clássicas e a emergência do latin jazz. Durante muito tempo, as vozes principais das grandes correntes estilísticas do jazz foram os trompetistas: basta lembrar de Louis Armstrong no estilo tradicional de Chicago e no swing, Dizzy Gillespie no bebop, Chet Baker no cool, e Miles Davis no cool e no jazz-rock. Depois de Miles, Freddie Hubbard permaneceu quase solitário como o grande nome do trompete nos anos 70 e 80.
Voz
Como lembra Joachim Ernst Berendt, em seu livro O Jazz – Do Rag ao Rock, o jazz nasceu da música vocal. Porém tornou-se, ao longo das décadas, uma música instrumental por excelência, fazendo com que também a voz se tornasse um instrumento, e que os vocalistas passassem a cantar de maneira semelhante a um trompete, um trombone ou um saxofone. Berendt resume a dialética do canto no jazz por meio da seguinte fórmula: todo o jazz vem da música cantada e todo o canto vem da música instrumental.
Fonte: www.ejazz.com.br